Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados propõe que os médicos recém-formados sejam submetidos a um exame, uma prova, e que somente se aprovados é que estariam aptos a exercer a Medicina. O exame seria feito em duas fases e organizado pelos conselhos federais referentes a cada categoria. Seria um processo equivalente ao do exame de ordem feito pelos formandos de Direito.
Esse projeto (nº 6867/10) foi proposto pelo deputado federal Paes de Lira (PTC-SP) com o argumento de melhorar a qualidade desse profissional que está chegando ao mercado de trabalho sem o mínimo de conhecimento que deveria ter. Ele baseia-se nos dados dos anos de 2007, 2008 e 2009 quando em SP houve uma taxa de reprovação de 56% nos exames com relação a qualidade do ensino médico.
Uma tentativa como essa já havia sido feita em 2006 com o projeto de lei 102/06 da senadora Serys Sihessarenko do PT-MT, mas foi rejeitada pelo também senador Papaléo Paes (PSDB-AP) com os argumentos de que os estudantes de Medicina após 6 anos de estudo não poderiam ser penalizados com essa prova e que esses exames deveriam ser feitos no período do curso e não a seu término. Então eu fico me perguntando o que é pior: o médico submeter-se a um exame para estar autorizado a exercer sua profissão ou pessoas inocentes e dependentes destes profissionais morrerem ou sofrerem algum tipo de trauma (físico ou mental) por que eles não estão aptos a exercerem essa profissão tão árdua e uma das mais importantes, que é cuidar, zelar pela VIDA das pessoas.
O cidadão quando procura um médico vai na esperança de ter seu problema de saúde resolvido, é uma relação de confiança. Mas como confiar numa pessoa despreparada? Deixar que profissionais incapazes ingressem no mercado trabalho, é ir contra, até mesmo, o inciso III do art. 1º que dispõe sobre a dignidade da pessoa humana, pois todos temos o direito e somos dignos de usufruir de uma boa qualidade do sistema de saúde que resguarde e zele pela nossa vida. Direito a vida, direito codificado no art. 5º da nossa Constituição.
O projeto tem que ser aprovado sim, e não mais rejeitado e esquecido à sombra de interesses e de dinheiro sei lá escondido onde, enquanto pessoas morrem vítimas de maus profissionais e até de falsos médicos. Se a qualidade do ensino não é bom, é claro que temos que melhorá-la, mas por que não aliar isso a uma prova que certifique que está a nosso serviço pessoas capazes e competentes? Até quando suas mães vão perder seus filhos por erros médicos de medicação mal administrada, idosos que não recebem a atenção especial que necessitam, até quando pessoas que querem estar VIVAS vão ter suas MORTES decretadas por ignorância, displicência ou desonestidade dos outros?